quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Vitor Mizael em entrevista exclusiva para o Cen@lternativa

O artista plástico Vitor Mizael conta aonde foi que a arte e sua vida se cruzaram !

Por: Virgínia Delfino

1 – Como a arte e a sua vida se cruzaram?

R: Desde pequeno... Eu me lembro de ver os quadros do meu pai, meu pai pintava de curioso e eu gostava de ver e tinha vontade de fazer igual. Eu também sempre adorei quadrinhos e comecei a desenhar os personagens... Na verdade que queria ser ator de novela, cientista maluco (tinha que ser maluco, não bastava ser cientista) ou artista plástico. Para ser ator eu precisava ser mais galã que o Tarcísio Meira... mas eu queria ser ator porque achava que era legal beijar na boca... Eu achava o máximo! Aí entrei no clube de ciências e achei que era muito chato ficar fazendo experiências... Então eu comecei a desenhar e eu gostava muito de desenhar, ficava copiando vários desenhos...

Quando eu tinha 11 anos minha mãe me colocou numa escola de pintura e eu gostava de pintar os quadros... Aos 13 anos entrei em uma escola de desenho, lá eu aprendi a desenhar. Com 15 anos eu entrei no colégio técnico no curso de “desenho e comunicação” e era um tesão porque além das matérias normais do colégio, haviam as matérias técnicas e eu me dava super bem. Aos 15 anos a minha idéia era de ser artista mesmo e todos me incentivavam, pois eu desenhava muito bem e fazia tudo com muito prazer.

Saí do colégio técnico e fui fazer cursinho... Eu já sabia que queria ser artista, mas pensava em fazer publicidade por causa da grana. Com um mês de cursinho eu já não agüentava a falta da pintura, do desenho... Aí eu vi que não tinha mais jeito e ia fazer artes plásticas. Logo no primeiro ano da faculdade eu já fiz uma exposição em um salão de arte e não parei mais.

2 – Você é professor também, dar aulas é uma opção sua?

R: Eu gosto muito de dar aulas, mas não é o meu plano de vida. Meu plano é ser artista, mas quero continuar ministrando aulas no ensino superior. Quero ter a maior parte da minha vida profissional voltada para minha produção artística. Hoje isso não acontece porque tenho que pagar as minhas contas, mas um dia há de acontecer!




3 – Porque você escolheu o corpo humano para colocar na maioria de seus trabalhos?

R: Desde que eu estava no colégio técnico, eu tinha um interesse muito grande pelo corpo humano. Ficava olhando as pessoas no ônibus e ficava fascinado... pelos corpos e pelas roupas que elas vestiam. O corpo é um receptáculo do espírito... No colégio eu pintava muitas partes do corpo: ossos, músculos... E nesse momento eu tinha uma tensão sexual muito forte, de tesão mesmo, de querer ver os corpos, pois eu era adolescente! Eu traduzia essa necessidade na representação dos corpos. Hoje o corpo representa outras coisas para mim: afeto, carinho, personalidade, caráter...

4 – Você coloca roupas como sendo “auto-retrato”?

R: A roupa é uma casca. É como a gente se apresenta para o mundo. A roupa é até angustiante, porque ela não é você, mas te representa... A roupa é um simulacro frio de uma potência humana, mas ela não existe enquanto não é habitada e isso me encanta!

5 – Como foi a sua primeira exposição?

R: Eu estava muito emocionado e nervoso, mas era algo que não era novidade para mim, pois foi tão esperado! Mesmo fugindo de uma falsa humildade, eu tinha consciência de que eu tinha trabalhado bastante para ali, não foi algo aleatório... Não foi por sorte. Eu sabia que tinha (apesar de ter só 20 anos e estar no 1º ano da faculdade) o fato que desde pequeno era um desejo, eu me dediquei muito para estar naquele lugar.

6 – Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser um artista muito jovem?

R: As pessoas me julgam... Muitas pessoas têm preconceito, mas também existem as pessoas que apostam em mim e no meu trabalho. Meus alunos me respeitam independentemente da idade. Eu tenho 25 anos, sei que tenho muitas coisas pra viver ainda, mas profissionalmente eu ganhei tempo.

7 – Atualmente você também se dedica ao seu mestrado, você estuda seu próprio trabalho?

R: É um mestrado que tem um direcionamento prático. Eu acredito (apesar de muitas pessoas dizerem o contrário) que o trabalho plástico é um trabalho de pesquisa nos mesmos moldes de um trabalho teórico. Meu projeto é desenvolver mais o meu trabalho, pesquisando, refletindo e escrevendo sobre ele... A minha produção plástica mudou muito de dois anos pra cá.

Eu estudo a variação de material, o conceito que a princípio está disperso e com o passar do tempo você o domina. O que antes acontecia mais por tentativa e erro, hoje está mais pensado porque eu produzi muito em cima dos mesmos conceitos. A produção artística é isso: é produzir, é pesquisar plasticamente, é você ter o olhar para decidir o que fica e o que vai.

8 – Você escreve nos seus trabalhos?

R: É o meio mais imediato para transpor um pensamento, uma sensação... E também a palavra é um desenho para mim e como desenho ela não está solta quando eu coloco em um trabalho, ela é um desenho que faz parte da composição. Então, além do valor de significado, a palavra tem o valor de desenho, de composição e de plasticidade.


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9 – As palavras não são legíveis, porquê?

R: Na hora que estou escrevendo são pensamentos que vêm, por isso escrevo rápido. Só que o lugar aonde essas palavras vão no trabalho, no campo visual, é muito bem determinado, não é aleatório. Portanto eu coloco de modo a criar uma composição que comunique visualmente. E só vai descobrir que palavra é aquela, quem se ater mais ao meu trabalho... Isso é proposital. Você tem de parar e ler... A palavra só vai servir para quem quiser saber e para quem merece descobrir o meu trabalho.

As palavras são presentes que eu dedico para aqueles que têm paciência de entender. Eu dedico meus pensamentos, minhas intimidades através das palavras. Eu compartilho com as pessoas algo que é meu... e são da humanidade: angústias, desejos, tesões...

10 – Você acha que está faltando arte no mundo?

R: Não sei se falta arte... Falta espaço para mostrar. Tem muito espaço para o que é comercial e pouco espaço para o “erudito”. Falta a formação do público para entender e buscar a arte. As pessoas não vão a museus porque elas não querem, mas sim porque elas não aprenderam a gostar...


Para conhecer mais o trabalho de Vitor Mizael: http://www.fotolog.com/vitormizael/

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal a entrevista com o Vitor, Viví. Eita Vitor. Um querido, sempre. Parabéns, lindona. Grande beijo. Paty Rocco.

Anônimo disse...

Muito legal a entrevista com o Vitor, Viví. Eita Vitor. Um querido, sempre. Parabéns, lindona. Grande beijo. Paty Rocco.

Unknown disse...

Amei querido professor,curso o segundo semestre de Artes Visuais na Anhanguera Taboão da Serra e gosto de sua aula,aprendo e me divirto muito.A CADA DIA TE ADMIRO MAIS muito legal esta entrevista,deu para conhecer um pouquinho mais de Vitor Mizael .Tchau e até a próxima aula.

edilene disse...

Olá Vitor,sou eu a Edilene, foi muito bom ser sua aluna e tenho certeza que ainda trocaremos muitas figurinhas sobre arte,aliás gostei de sua entrevista,tá ficando importante ,hein?bjs
Edilene