quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Claudia Wonder & The Laptop Boys é eleito 3ª melhor revelação da música independente brasileira


Claudia Wonder & The Laptop Boys, o grupo de "funkydiscofashion" da colunista do G Online, foi escolhido como a terceira melhor revelação da música independente brasileira, de acordo com a eleição feita por Solano Ribeiro para o seu programa Nova Música do Brasil, transmitido pela Rádio Cultura AM.

Para comemorar 70 programas, Ribeiro aproveitou a edição do último domingo, dia 11 de novembro, e apresentou as 13 melhores músicas da produção independente do país, seguindo seus próprios critérios e como ele mesmo diz, totalmente contestáveis.


Difícil é contestar Solano Ribeiro, que ficou conhecido por ser o idealizador dos primeiros festivais da música popular brasileira, onde entre outros nomes de peso surgiram Elis regina, Chico Buarque e Caetano Veloso.

Claudia Wonder & The Laptop Boys ficaram na prestigiada terceira posição com a música Blá Blá Blá, que integra o álbum Funkydiscofashion, lançado pela Lua Music.

"Eu fiquei muito emocionada. Foi uma grande surpresa, porque a música foi apresentada pela primeira vez na semana passada e já ficou com o terceiro lugar em uma rádio que o público é mais seleto, que entende mais de música. Pra gente que acreditava ter um projeto underground é uma vitória grande. Fico muito feliz", comemora Wonder

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

** Vitor Mizael **


Confira em breve a entrevista exlusiva que o cen@lternativa fez com o artista plástico Vitor Mizael!!




segunda-feira, 5 de novembro de 2007

César & Cristiano

Entrevista com o showman Paulinho, que encarna “César” quando está cantando em sua dupla sertaneja. Descubra um pouco de sua trajetória até o dia da gravação do DVD de César & Cristiano em 25 de novembro no Stones Rock Bar!




Cen@lternativa: Como você descobriu sua vocação para a música?
Paulinho: Não foi de repente. Meu irmão, com seus 12 anos, começou a se interessar por violão vendo um vizinho nosso tocar, ele ficava todo empolgado ao fazer seus primeiros acordes, e eu vendo isso, me interessei também... Fazia um acorde aqui, outro ali, e vi que tinha jeito pra coisa...

Cen@lternativa: Quais os obstáculos e dificuldades que você encontrou (ou ainda encontra) para conseguir ter o seu espaço na música brasileira?
Paulinho: Há pouco incentivo no Brasil no ramo musical. Nós músicos, somos rotulados como verdadeiros “faz nada da vida” (risos). Aqui em São Paulo, é muito mais difícil. Há pouco reconhecimento ($$$$) por parte dos donos de casa noturna, (risos). Sem contar que hoje em dia, é muito mais difícil você encontrar verdadeiros apreciadores de música ao vivo.

Cen@lternativa: Quais são as suas influências musicais? Como você define o seu “som”?
Paulinho: Eu ouço de tudo, e tento tocar de tudo um pouco também... (risos).
Mas falando especificamente da dupla César & Cristiano, das músicas inéditas do nosso álbum, a gente foi influenciado principalmente pelo country americano, (Alan Jackson, Shania Twain), além da música pop internacional, como Backstreet Boys, por exemplo. Usamos mais os trabalhos dos gringos para produzir o nosso cd.

Cen@lternativa: Além de cantar, você pretende fazer Publicidade e Propaganda na UNICSUL. Como esses dois ramos de atividade se relacionam na sua vida?

Paulinho: Estou na dúvida ainda... (risos)
Sinceramente, não sei se vou fazer PP, mas enfim, para um publicitário, é essencial que se conheça de tudo um pouco, principalmente no que diz respeito à criatividade, porque é impossível você criar ou recriar algo que não conhece.
A música também vende, jingles são essenciais no mercado.
Nesse um ano e meio de comunicação eu tive algumas experiências, e percebi que não é só de Jingles que vive um músico publicitário (risos).

Cen@lternativa: Como você e seu irmão fizeram para conseguir ter o seu próprio cd?
Paulinho: Ralamos muitooo... (risos).
Na época que entramos em estúdio pra gravar, tínhamos quase seis anos de carreira, e as dificuldades foram das maiores, primeiro por ser uma experiência nova, e segundo porque tínhamos pouca verba. Mas isso foi ótimo, porque contratar um produtor era inviável, custaria muito pra gente. Então decidimos produzir, com nossas influências e experiências musicais, além disso, reduzimos também, os gastos de músicos, uma vez que gravamos os violões e a guitarra.
A gente não acreditava que o cd ia ficar pronto, mas no fim das contas, a gente hoje olha pro cd e vê que uma etapa foi concluída, e com bastante satisfação, por ter sido feito por nós mesmos.

Cen@lternativa: Você tem alguma dica para as pessoas que tem o sonho de seguir a carreira artística?
Paulinho: Se puder não sonhar com isso é melhor... (risos)... É muito difícil...
Mas acima de qualquer coisa tem de haver a vontade e o gosto pelo que faz. Todo o dia que tem show, ensaio, ou algo relacionado com o que faço, eu sempre penso que é mais um dia que eu estou produzindo o que eu realmente gosto de fazer, não crio nesse ensaio ou show, uma expectativa de poder alavancar de um dia para o outro. Creio que manter os pés no chão é importante.

Cen@lternativa: Fique a vontade para divulgar todo o seu trabalho!
Paulinho: Bom, pra quem quiser conhecer um pouco mais do nosso trabalho é só acessar.
www.cesarecristiano.com.br

No site você encontra fotos, agenda de shows, nossa músicas, além do link do nosso perfil no orkut.

Mais fotos? www.fotolog.com/cesarecristiano

Pra quem quiser adquirir o nosso cd acesse também à www.cesarecristiano.com.br

Contato:

(11) 8308-8091
(11) 8312-8082


Gravação do DVD: CESAR E CRISTIANO ACÚSTICO
Dia 25 de novembro, no Stones Music Bar às 18h
Av. Prof. Luiz Inácio de Anhaia Mello, 2935
Ingressos no telefone: 2024-0890


segunda-feira, 29 de outubro de 2007

* Arthur Covre *















Nome e idade.

Meu nome é Arthur e tenho 27 anos.

Atualmente você estuda ou já é formado? Qual o curso?

Já sou formado. Fiz jornalismo.

O que você faz profissionalmente hoje?

Eu trabalho em uma rádio de notícias.

Como a música entrou no seu cotidiano?

Bem, lá para os meus 6, 7 anos de idade, comecei a me interessar por skate. Era uma época em que o esporte explodiu de popularidade, muito por causa de atletas americanos como Christian Hosoi, Tony Hawk, Lance Mountain, Steve Caballero. Aqui em São Paulo, essa onde pegou muita gente na época e havia um programa na Gazeta chamado Grito da Rua. Muita gente, principalmente mais nova, não faz idéia do impacto que esse programa tinha, principalmente em bairros mais periféricos da cidade como Freguesia do Ó e Pirituba, que é onde cresci e ainda moro. E eu comecei a andar de skate ainda criança. A partir daí, também tive os meus primeiros contatos com as bandas punks. Muita gente que andava de skate ouvia punk e hardcore, bandas como Circle Jerks, Dead Kennedys, Screamers, Agent Orange, GBH, Ratos de Porão, Garotos Podres, enfim. E os caras que faziam o Grito da Rua colocavam sempre essas bandas pra tocar nos vídeos o que ajudou a popularizar esse tipo de música. Desde então, comecei a me interessar cada vez mais por música. Foi como amor a primeira vista. Depois aos 12, 13, peguei emprestada uma guitarra de um primo meu e comecei a aprender a tocar sozinho. Meu irmão, que na mesma época começou a tocar bateria, tinha uma noção básica de como tocar alguns sons do Ramones, aquele lance de 3 acordes. Ele me explicou como fazia. A partir daí, fui treinando sozinho, tocando e tirando de ouvido. Daí, meu irmão e eu montamos uma banda e, desde então, não parei mais.....A música entrou no meu cotidiano dessa forma...

Qual a importância da música na sua vida?

Pó, música é o combustível que eu preciso pra viver. Penso em música toda hora, praticamente. Ouço indo para o trabalho, voltando do trabalho, em casa de bobeira. Praticamente o tempo todo. Música é algo que precede a linguagem, é a expressão de um estado de espírito. É algo que me motiva, me dá ânimo, enfim. Faz parte do meu cotidiano e é parte de quem eu sou.

Quais são as suas influências musicais?

Bem, basicamente punkrock e hardcore: bandas que eu já citei como Circle Jerks, Agente Orange, Bad Brains, Minor Threat, Fugazi, Ramones, Clash, Sex Pistols, Cock Sparrer, Ratos de Porão, Cólera, enfim, um milhão de bandas de todo mundo. Mas também ouço muito reggae, Bob Marley, Peter Tosh, enfim, os clássicos...

Que instrumento ou instrumentos você toca e desde quando?

Como já disse toco guitarra desde 91, 92, não lembro exatamente quando comecei, mas foi por aí...

Quais são suas principais atividades no dia-a-dia, quais bandas você pertence e já pertenceu e em quais você participou da fundação?

Bem, minha principal atividade no dia-a-dia é meu trabalho. Sou jornalista, trabalho em uma rádio de notícias. Fora isso, passo o resto do tempo ouvindo música, compondo, ensaiando. Sobre as bandas, hoje eu toco em duas: uma delas é o Agrotóxico. O grupo existe desde 1993, mas eu só me juntei a banda em 2005. A outra é o Naifa que começou em 2005. O estilo das duas é hardcore, mas como sonoridades bem diferentes. Do Naifa, eu participei da fundação. Outra banda que toquei foi o Flicts. Essa eu também fundei, junto com o meu irmão. O Flicts durou 10 anos, lançou uma série de CDs, fez uma tour na Europa em 2004, e foi minha primeira banda mesmo.

Você compõe e escreve as letras das suas bandas?

Não todas as músicas, mas eu componho e escrevo, tanto no Agrotóxico, quanto no Naifa.

O que você, junto com as “suas” bandas esperam transmitir através das músicas?

É difícil de responder essa questão. Acho que a graça da música está no ouvido de quem ouve e não necessariamente de quem a escreve ou de quem a toca. Se a música provocar qualquer tipo de sentimento ou de reação em uma pessoa, acho que ela já cumpriu sua função. Pode ser alegria, raiva, ódio, tristeza, qualquer coisa. Se a música provocar um efeito nas pessoas, legal. Fico feliz com isso, mesmo que a interpretação do ouvinte não seja exatamente a que eu pensei quando fiz a música. Mas ao mesmo tempo, não crio muitas expectativas sobre como vão encarar o que a gente faz, se as pessoas vão gostar ou não, se vão entender ou não. Acho que uma banda deve estar feliz com a música que faz, antes do público ou de qualquer outra coisa.

Como está o cenário "alternativo independente" hoje, e como era há alguns anos?

Bem, o cenário alternativo independente tem rolado. Pelo menos, em São Paulo, que é onde acompanho mais. A gente tem o Hangar que está há nove anos aí dando oportunidade para bandas de vários estilos: punk, hardcore, ska, emo, metal, enfim. Você tem os picos na Augusta, como o Outs, que sempre abrem as portas para a galera do underground. E tem uma galera que não é inerte e bota a mão na massa. O coletivo Verdurada, que está há mais de dez anos, organizando show, promovendo debates, palestras no Jabaquara. Você tem o Lady Fest, que é não é só um festival de bandas, mas uma semana inteira de debates, workshops, oficinas, exibições de vídeos e bandas, tudo produção independente e feminina. E todo o fim de semana, praticamente, você tem um show ou algo do tipo rolando aqui e ali.
Apesar disso, eu, particularmente, tenho a impressão de que agora, o cenário todo deu uma caída. No fim dos anos 90 até 2004, mais ou menos, o cenário prometia mais, havia um clima de mais ânimo e efervescência. Muitas bandas aparecendo, a gente contou com os dois festivais “A um Passo do Fim do Mundo” e o “Fim do Mundo” que meio que foi o ápice de tudo o que estava rolando até então. Isso sem contar outros festivais, bandas indo fazer tour na Europa, a cena de outras partes do país, Brasília, Espírito Santo, Recife, Rio Grande do Sul, Curitiba, principalmente, com uma cena muita ativa, com bandas de todos os estilos e bandas de qualidade, enfim.
Neste momento, acho que estamos em uma fase de transição. Há alguns anos, a gente já tinha a Internet, mas a galera ainda comprava mais CDs, discos e não copiava tanto. Agora, todo mundo baixa tudo da Internet e as bandas independentes também sentem o reflexo disso. A Galeria do Rock está cada vez mais vazia. Muitas lojas de CDs estão fechando e dando lugar a estúdios de tatuagens e piercing. Como ficou ainda mais fácil gravar um CD, a gente tem muito mais bandas por aí, mas ao mesmo tempo, há um crescimento quantitativo e não qualitativo.
Penso que temos que esperar pra ver no que vai dar isso tudo e o mais importante: continuar tocando e seguindo a idéia do Faça Você Mesmo...

A música independente é para você uma opção ou a única forma de continuar “tocando”?

Sempre foi uma opção pra mim. A maioria das bandas hoje encara o cenário independente como um degrau para entrar nas grandes gravadoras. Como se houvesse um manual do que deve ser feito passo a passo para alcançar o “sucesso”. Eu não concordo com essa postura.
Prefiro tentar buscar um circuito alternativo no verdadeiro sentido da palavra, onde nós produzimos a nossa música, nós organizamos os nossos shows, nós mesmos gravamos e lançamos os nossos discos, nosso livros, vídeos, enfim, nós temos a liberdade para fazer o que bem entendermos sem interferências comerciais ou interesses paralelos.
Minha idéia é mostrar que, mesmo num país pobre como o nosso, é perfeitamente viável adotar uma postura de contestação nesse sentido, com uma cena ou uma banda que não segue as regras de mercado, mas adota uma postura mais justa, mais sincera e de cooperação. No que a maioria vê como limite, nós vemos uma virtude.


Qual sua visão do independente X comercial?

Bem, pra resumir e ser objetivo: o comercial visa o lucro. A grande gravadora não quer saber se sua a música é interessante do ponto de vista artístico, se é inovadora, enfim. A música tem que ser agradável e interessante do ponto de vista comercial. Seja a banda que for, o músico que for, você tem que se moldar a certas regras para entrar no esquema. É claro: você ganha do ponto de vista da distribuição, divulgação. Sua música chega para muito mais gente, enfim. Mas por outro lado, por mais que as bandas que entram no esquemão jurem que não é assim, você sempre perde a liberdade que tem. O produtor vai tornar o seu som aceitável para as rádios, vai tirar a guitarra pesada dali, colocar um violaozinho aqui, você vai ter que entrar no esquema do Jabá, que hoje é chamada de “verba de divulgação”, ou “verba promocional” ou algo do tipo para tocar em rádio, vai ter que ir a programas de TV, de MTV a Faustão.
Sei lá. Se você está disposto a passar por isso, e acha que vai sair ganhando, por mim tudo bem. É uma chance do cara tenta viver de música, enfim. Mas não entendo que isso é o melhor pra mim, pessoalmente.
Prefiro o esquema independente, porque não encaro música como um negócio ou uma banda como uma empresa. A relação é mais sincera, verdadeira. Não toco pra ficar famoso, nem pra ganhar dinheiro. Toco para me expressar, extravasar, passar uma idéia, uma mensagem, ou para não passar mensagem nenhuma se isso for interessante. Quando componho, não estou preocupado com o que a gravadora ou o produtor contratado vai achar, se vão aceitar, se é vendável do ponto de vista comercial. Quando tenho o disco em mãos, não fico pensando na chamada “música de trabalho”. Não estou nem aí para o rádio e para a televisão. Se pudermos chegar aos meios de comunicação de massa, legal. Mas não aceito ter que pagar ou me sujeitar a puxar o saco de ninguém para conseguir isso, ou aceitar fazer play-back como muita gente faz até hoje.
Basicamente, portanto, a diferença é de postura. O comercial trata as pessoas como consumidores, pura e simplesmente, e a banda e a música nada mais é do que um produto colocado à venda. Já no independente, na minha concepção, música é uma forma de linguagem e de expressão, sincera e verdadeira, e que pode servir para que as pessoas reflitam e levem idéias positivas e construtivas para as ruas.

Quais as diferenças entre uma banda independente e uma banda comercial?

Bem, acho que já respondi essa.

Qual é a maior dificuldade das bandas independentes hoje?

Distribuição. Sempre foi e ainda será por muito tempo. Hoje, é fácil fazer um disco, mas distribuí-lo ainda é uma batalha. O circuito de distribuição independente é eficiente do meu ponto de vista, mas como já disse tem suas limitações. A Internet, porém, tem ajudado nesse sentido, com divulgação e até com a distribuição. Mas ainda é ruim, já que boa parte da população ainda não tem acesso a rede mundial de computadores. Fora isso, temos outros problemas que enchem o saco, mas não chega a nos desanimar como, por exemplo, promotores pilantras, que organizam os shows e não cumprem com o combinado, casas que não dão à mínima estrutura, equipamentos ruins, brigas, tretas, enfim.....

A internet ajuda ou atrapalha? Como você enxerga a relação entre as bandas
independentes e a internet?

Então, como disse, ajuda na divulgação das músicas, dos shows, enfim. Mas ao mesmo tempo, tem o outro lado da moeda: o download de músicas e cds também afeta o cenário independente. Muita gente deixa de comprar o CD e baixa tudo da rede. E a fase é de transição. A forma como se apresenta a música está mudando, mas ninguém sabe direito o que vai acontecer. Já tem grande gravadora que está virando promotora de shows e representante de artistas, porque a venda de CDs já não é interessante do ponto de vista comercial. Vão continuar explorando, mas de outra forma.
Eu sinceramente não sei. Talvez, o futuro seja fazer vinil como na Europa. Por lá, a galera do underground prefere vinil porque a relação com o disco não é comercial e sim afetiva, de consideração com um trabalho. Por aqui, tem um problema, porque só existe uma fábrica de vinil e ouvi dizer que estava em crise e prestes a falir. Uma certeza, porém, eu tenho: seja como for, o independente sempre vai continuar por aí, de um jeito ou de outro.

Para você, qual o futuro da música? Quem sobreviverá nesse mundo novo?

Acho que já respondi essa. HEHEHE

Esse é seu espaço... fique a vontade para botar a boca no mundo... Se quiser, deixe um recado pra galera que ouve vocês, e eu sei que é muita gente!

Porra, faça você mesmo!

Faça por você porque se não fizer, ninguém irá!
E não desista. Você não está sozinho!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Satyrianas, o maior evento teatral do país


As Satyrianas deste ano trazem o DramaMix, um projeto que reúne 78 dramaturgos que escreveram textos especialmente para o evento; além de concentrar mais de 200 apresentações de peças teatrais de acesso livre ao público

Entre os dias 11 a 14 de outubro, a Companhia de Teatro Os Satyros promove o evento "Satyrianas, uma Saudação à Primavera", em comemoração ao 18º. aniversário de sua fundação. Como nas edições anteriores, o evento será uma vigília cultural. Nesta edição contará com 80 horas de atividades ininterruptas, ao contrário das outras edições que duravam 78 horas. A abertura do evento será na quinta, dia 11, às 16h00 na Praça Roosevelt.



Programação completa do evento por espaço

A grande novidade desta edição das Satyrianas é o projeto DramaMix, concebido em parceria entre Os Satyros e o grupo Dramáticas em Cena, onde 78 dramaturgos foram convidados para desenvolverem seus textos que serão apresentados por mais de 200 atores, durante toda a extensão do evento, ininterruptamente.

A cada hora, em uma lona de circo montada especialmente para o evento na Praça Roosevelt, um novo espetáculo será apresentado. "A Breve Interrupção", com texto e direção de Gerald Thomas, abre o projeto na quinta, às 18h00, com interpretação de Alberto Guzik, Sergio Salvia Coelho e Edson Montenegro; e "A Deliciosa Boca do Inferno", de Lauro César Muniz, com Haroldo Costa Ferrari e Mariana Ximenez, encerra o DramaMix no domingo, à partir das 23h00.

Programação do DramaMix









terça-feira, 9 de outubro de 2007

Tia Emídia na premiação!!!

Depois de quase 1 mês de dedicação intensiva ao curta-metragem IDENTIDADE a equipe da produtora Tia Emídia conquistou o prêmio de melhor documentário no II FECUNI - II Festival de Curtas Universitário.

(o prêmio foi entregue pela Tia Irany)



O blog Cena Alternativa também é feito pela produtora Tia Emídia! E aproveitamos esse espaço para agradecer a todos, mais um vez, que colaboraram com esse projeto. Desde as IDENTIDADES até toda a equipe de apoio. Sem esse grande elenco nos bastidores, não seria possível a realização do espetáculo.













domingo, 7 de outubro de 2007

And the pingüim goes to...

IDENTIDADE

O vencedor como melhor documentário do II FECUNI - Festival de Curtas Universitário!!!!!

Queremos agradecer a todos que colaboraram para que o projeto de IDENTIDADE se tornasse realidade e além disso, uma realidade vitoriosa!!!!

Aê!!! GANHAMOS!!!!!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

DNA - De Nada Adianta

Explicação da música tema do documentário IDENTIDADE, pelo compositor André Assef.

É com muito prazer que lhes envio o resultado de um trabalho muuuito legal. Trata-se de um curta-metragem que tive a honra da criação da música-tema, “DNA” As 11 pessoas que foram foco do curta são:

“DNA”

André Assef

Se algo falta e não faz falta

Eduardo “Dudé” (Músico, deficiente físico. Leva uma vida totalmente ativa, contando de todos os membros, apenas com a perna direita. É vocalista de várias bandas de rock.)

Minha mente é diferente

Eda Lima Meira (Deficiente mental e física – “eterna criança”)

O que eu quero não é o que eu tenho

Cláudia Wonder (Transexual feminina, cantora e atriz)

Eu só mostro o que eu sinto

Vitor Mizael (Artista plástico, professor de artes e homossexual)

Deixa comigo que eu explico

Cláudia Nascimento (Psicóloga. Possui tatuagens impressionantes)

Isso é fato eu vi o ato

Patrícia Rocco (Jornalista)

Meu papel é esse mesmo

Carlos Careqa (Ator, compositor e cantor)

Eu te visto! Eu te visto!

Moshe (Estilista, judeu)


De nada adianta

De nada adianta

Pensamento é intangível

O resto a natureza manda

De nada adianta

De nada adianta

Precisão não é desejo

Minha, sua, dele, tantas

Ai que horror! É nada chique

Margaret Bernardineli Morato (Professora de Ciências Sociais e Políticas, bisneta de Francisco Morato)

Minhas damas, meus exemplos

Fuad Miguel (Aposentado – “amigo da Sandy e da Lady Di” . O quitandista aposentado que carrega debaixo do braço por todo o dia as fotos das damas em capas de revistas, além de “dialogar” constantemente com fotos esparramadas pelas paredes da sua casa)

Oh meu Deus, que coisa linda

Somos um e somos muitos

Leidiane Rocha Dias (Noviça, sempre teve o sonho de ser freira)


De nada adianta

De nada adianta

Se você quer, então pode

Lute forte, a guerra é santa

De nada adianta

De nada adianta

Se por fora a grife adorna

Por dentro o engodo dança


De nada adianta

De nada adianta

Pensamento é intangível

O resto a natureza manda

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Identidade ... Trailer



Quem é você?

Por: Patrícia Rocco

Em treze perguntas. Para onze pessoas.

Assim nasceu o documentário curta-metragem “Identidade”. Para desvendar o grande mistério de cada um de seus entrevistados que vivem na cidade-luz do Brasil. Cada um com suas verdades, crenças, experiências e visões de mundo... Revelados pelo realismo da lente e desnudos pelas próprias palavras.

“Identidade” tem como proposta mostrar o que cada indivíduo guarda de mais profundo dentro de si, revelando pouco a pouco, a cada gesto, a cada olhar, a sua essência. A tal da identidade.

Pré-estréia nacional: 04/10/2007*.

* II FECUNI - Festival de Curtas Universitário. Entrada Franca.
Dias 3, 4 e 5 de outubro de 2007, 20h.
Auditório Fernando Henrique Cardoso - Universidade Cruzeiro do Sul. Campus Anália Franco, São Paulo.

* IDENTIDADE *

O documentário em curta-metragem IDENTIDADE tem como objetivo mostrar as opiniões subjetivas de pessoas diferentes, que vivem na cidade de São Paulo. Registramos a identidade de cada indivíduo por eles mesmos.

Treze perguntas foram feitas as para 11 pessoas e através das respostas vemos as diferenças e semelhanças de todos. Assim, pudemos mostrar o quão igual nós somos, apesar das diversidades.

Além disso, as pessoas que escolheram aonde e como foram filmadas, para que através do ambiente, pudessemos captar um pouco mais da essência de cada um.



Identidades:

Carlos “Careqa” - Cláudia Nascimento - Cláudia Wonder - Eda Lima Meira - Eduardo José Martins Jr. - “Dudé” - Fuad Miguel - Margareth Bernardinelli Morato - Moshe Pollacseck - Patrícia Rocco - Vitor Mizael - Leidiane Rocha Dias

Trilha Sonora:

"DNA - De Nada Adianta" - André Luís Assef

"Ser Igual é Legal" - Carlos Careqa


Tia Emidia Comunicação





Em breve... IDENTIDADE...

Cada um tem a sua!!!


quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Produtora Independente : Fusa Records

Vamos mostrar um pouco do que acontece na cena alternativa, independente, underground, como você preferir... das bandas nacionais que fazem música pela paixão e quem ajuda a movimentar, organizar e defender essa atitude!


Entrevistamos Alex Xavier, de 21 anos que é produtor da Fusa Records.

Por: Tomás Lombardi

Você estuda Alex? Que curso você faz?
R:
Atualmente faço curso técnico em administração de empresas.

O que você faz na produtora Fusa Records?
R:
Produzo bandas, vendo shows, produzo eventos, lanço bandas novas, divulgo meus Cds, estabeleço contato entre outras produtoras/selos, parcerias, propaganda é a alma do negócio!

O que é, o que faz, qual o propósito e seguimento da Fusa Records? Como é ser uma produtora independente?
R:
Nós somos um selo independente, mas independente mesmo, onde todos shows, cds e produções são feitos por nós mesmo, sem muito apoio. A Fusa Records tem uma característica um pouco diferenciada, pois preserva a união, respeito e humildade entre as bandas e nossos produtores, com a relação de amizade mesmo, separando o lado comercial e humano. Musicalmente falando a Fusa Records tem o propósito e finalidade de divulgar e lançar bandas de rock underground, mais fincadas ao Punk Rock, Hardcore, Crossover, mas claro que todas as vertentes são bem vindas.

Como surgiu a Fusa?
R:
A
Fusa Records começou em meados de 2004, na Argentina. Atualmente por lá o pessoal trabalha mais com lojas de cds, distro. Aqui em São Paulo começou um ano depois no interior e agora a filial nossa aqui em São Paulo.

Qual a visão de vocês em relação a internet? Ela ajuda ou atrapalha a cena "alternativa independente"?
R: A
internet ajuda bastante, hoje em dia pra você ter uma noção eu fecho uma participação de uma banda da Alemanha pelo msn/email, o contato ficou melhor, mais curto com pessoas de muito longe, saca? A parte em que acho que atrapalha seria no fato de pessoas (bandas) ficarem muito "acomodadas", ou seja, postam um link em um site, fotolog e acham que todos vão ouvir. Essas coisas ficaram manjadas pelo público, que não dá tanto valor.

Na sua opinião, qual é o futuro da música comercial e “alternativa independente”? Qual sua visão sobre "comercial X idependente"?
R:
Eu acho que o independente ficará cada vez mais exposto, ou seja, cada vez mais as pessoas vão se interessar em conhecer algo novo, uma banda nova porque o "comercial" já saturou, as bandas fazem as mesmas coisas, alucinação geral das músicas repetitivas nas rádios, o povo não é alienado.

Deixe o seu recado... Aproveite...
Tomás valeu pela entrevista, perguntas bem sacadas mesmo! No que depender de nós estamos aqui para andar lado a lado! E a galera que lê o blog, ouçam música independente, conheçam bandas novas é isso... valew...


Equipe Fusa Records

: (011)-8288-0639 (seg. a sexta. das 12 as 21hrs)

www.fusarecords.com (em breve)

www.fotolog.com/fusarecords

www.myspace.com/fusarecs


terça-feira, 25 de setembro de 2007

* Independentes e Alternativas *

MANIFESTO ALIENÓFOGO

Por Virgínia Delfino


Só a Manipulação nos une. Culturalmente. Socialmente. Filosoficamente. Politicamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os egocentrismos, de todos os autoritarismos. De todos os meios de comunicação. De todas as informações veiculadas.

TV, or not TV that is the question.

Contra todas as propagandas. E contra o pai do Globo.
Só me interessa o que vai ser meu. Lei do homem. Lei do manipulador.
Estamos fatigados de todos os repórteres melancólicos suspeitosos postos em foco. Roberto Marinho acabou com os enigmas que habitavam as mentes e com todas as outras informações que não fossem as suas.

O que atropelava a verdade era a imagem, o impermeável entre o mundo na televisão e o mundo real. A reação contra o homem comum. O Jornal Nacional informará.

Foi porque nunca tivemos educação, nem coleções de bons modos. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, periférico e central. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida.

Queremos a Revolução da Comunicação. Maior que o impeachment do Collor. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção com a direção do cidadão. Sem nós a Mídia não teria sequer a quem manipular.

Nunca fomos catequizados. Será? Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos o Lula ir para Brasília. Mas nunca assumimos que o dever de cobrar está em nós. Contra os políticos de direita. Autores dos primeiros furtos, para ganhar comissão. O rei-metalúrgico dissera-lhe: eu vou fazer o que ninguém fez por esse país. Fez-se presidente. Colocou esperança nos olhos dos brasileiros. Foi para o planalto e nos trouxe a desilusão.

Só podemos atender ao mundo capitalista. Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem. Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Alienadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.

Roteiros. Edições. Roteiros. Edições. Roteiros. Edições.
O instinto Brasileiro. Morte do imparcialismo.

Temos o comunismo. Temos a língua monoteísta.

Plim Plim
Plim Plim
Plim Plim
Plim Plim

A verdade e a vida. Tínhamos a distribuição dos acontecimentos locais e acontecimentos mundiais. E sabíamos confiar nas notícias que iam ao ar.

Perguntei a um homem o que era o Jornalismo. Ele me respondeu que era a garantia do compromisso com a verdade. Esse homem chamava-se Wladimir Herzog.

Só não há “distorcionismo” onde não há interesses. Mas que temos nós com isso?

Contra as histórias dos homens sinceros. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Nassif. Sem Mainardi.

A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a mesquinharia. E os transfusores de idéias.

Contra as sublimações cômicas. Trazidas nas páginas dos jornais.

Contra a verdade dos povos “cultos”, definida pela sagacidade de um comunicólogo: – É mentira muitas vezes repetida.

Nós tivemos especulação. Mas tínhamos a manipulação. Tínhamos Política que é a ciência da privatização. E um sistema social-salafrário.

As publicações. A fuga dos veículos mentirosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os conservatórios e o tédio telespectador.

Ignorância real das coisas + fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.

É preciso partir de um profundo questionamento para se chegar à idéia de Verdade.

O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois o repórter divaga. Que temos nós com isso? Antes de Chateaubriand descobrir a TV, o Brasil tinha descoberto a felicidade.

Somos alienados. As opiniões formadas tomam conta, reagem, queimam gente nas opiniões públicas. Suprimamos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros e edições. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.

A alegria é a prova dos nove. A luta entre o que se chamaria Emissora e Receptor – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia ideológica, que acaba com o mais alto sentido da criticidade e evita todos os males identificados por eles.

Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados capitais – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.

Contra a realidade social, vestida e opressora a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado das Emissoras.

sábado, 22 de setembro de 2007

Tragédia de Ésquilo ganha tom contemporâneo no canto ideológico do Folias

Um dos grupos teatrais de maior expressão do cenário nacional, o Folias comemora 10 anos de vida com ousadia e traz à cena a tragédia grega “ Orestéia”. No espetáculo, a trupe propõe reflexões críticas acerca do modelo de democracia instaurado no mundo ocidental, traça paralelos com a história dos países latino-americanos e do próprio movimento teatral.

Por Patrícia Rocco

Fotos: Joana Mattei



Com reflexões nada ingênuas sobre questões existenciais, políticas e sociais, o grupo Folias chega aos 10 anos e nos brinda com uma proposta que salta aos olhos: “Orestéia – O canto do Bode”.


E foram longe... Escolheram a tragédia de Ésquilo (obra-prima do mundo grego, escrita no século V a.C.) para - numa riquíssima versão do clássico - fazer uma reflexão sobre a criação da democracia (surgimento do Estado grego), sobre como esse modelo influenciou a formação do continente latino-americano e toda a violência que se seguiu borrando de sangue e luto grande parte de nossa história.


Conduzida ironicamente por um simpático palhaço (interpretado pelo excelente ator Dagoberto Feliz) de sorriso doce, expressão amável e olhar melancólico, a montagem surpreende. Ao adentrar o Galpão do Folias, o espectador é surpreendido por um cenário sombrio, com paredes descascadas, restos de cenografia e poucas – por vezes, velhas – cadeiras para sentar. Antes mesmo de a peça começar, surge o primeiro paralelismo simbólico entre a tragédia grega e as tristes condições em que vivem os países latino-americanos e (por que não?) o fazer teatral no Brasil.


Essa salada é apimentada ainda com ingredientes de muita criatividade, originalidade e força cênica. Durante todo o espetáculo, somos convidados a romper os muros da convenção e decifrar as inúmeras metáforas propostas pela inteligente montagem de Marco Antonio Rodrigues e Reinaldo Maia. Tente imaginar Agamêmnon e Palas Atena numa possível referência ao populismo; Clitemnestra e Egisto na encarnação exacerbada da terrível face da tirania e Orestes, a democracia. Soma-se a isso o desafio da leitura às analogias e inserções feitas a todo o instante como a citação da carta testamento de Getúlio Vargas ou mesmo o bizarro radinho de pilhas tocando músicas de Roberto Carlos...


Orestéia é uma crítica ácida às mazelas humanas em muitas esferas de suas manifestações. Neste trabalho, os foliões da rua Ana Cintra destilam uma verborragia cortante e inundam a platéia com indagações sobre o papel do artista na sociedade, o fenômeno midiático da espetacularização das artes, a manipulação da informação e do poder, além da vergonhosa participação e contribuição dos veículos de massa neste processo.


O que não faltam são inserções estéticas e verbais como referência ao período do populismo, às atrocidades cometidas pela ditadura em nome da democracia (anos 50 e 60), à poesia triste da volta dos exilados (anos 70 e 80) e, por fim, o processo de redemocratização. Aqui a promessa política nunca cumprida de um mundo mais justo e do poder mais próximo ao povo (últimas décadas do século XX). E é em meio a esse desfile de fatos caóticos que palhaço-corifeu relembra, brada e emociona ao entoar o grito denunciativo de alguns dos mais tristes acontecimentos da história latino-americana. “Quem poderia negar-me agora o direito de recordar estas verdades? (...) As milhares de vítimas da ditadura Argentina, torturadas e assassinadas pelos generais de plantão em defesa da democracia. (...) A prisão, a tortura e o assassinato de milhares de brasileiros pelo golpe militar de 1964, alegando a defesa da família, da tradição e da propriedade. (...)”. Em outro momento, de olhos semivendados e, em tom debochado, sugere: “Na balança da Justiça, o prato da aprendizagem desce para aqueles que sofreram”.


Impacto Estético – Além da experiência da linguagem dramática muito bem explorada pelos afinados atores, o espectador de Orestéia é surpreendido também pelo impacto estético que a peça propõe. O espaço cênico é surpreendente com elementos cenográficos compostos por aparatos que nos remete ao caos, a escassez de recursos. E, mais uma vez, o tom denunciativo surge em meio à criatividade que permite, por exemplo, a concepção de um narrador que empunha um ventilador e segue em cena borrifando água para mostrar os ventos que levavam as naus de Agamêmnon rumo à Tróia.


Os célebres personagens de Ésquilo são desconstruídos esteticamente e aparecem em cena ora como maltrapilhos guerrilheiros cansados do combate, ora desnudos, ora revitalizados pelos ares revolucionários dos anos 60 em suas roupas à la Hair, ora como nossos contemporâneos de terno e celular em punho.

Mas, a concepção da rainha Clitemnestra, interpretada pelo ator Danilo Grangheia, é, sem sombra de dúvida, a menina dos olhos do espetáculo.

Com um figurino exótico e expressões que transitam entre a elegância, tons monocórdios e gestos exagerados, a monarca rouba a cena em atuação que enche o palco e a alma da platéia.
Os olhos pintados de negro reforçam a idéia do espírito maligno da monarca, destaca a expressão dissimulada e os olhares fulminantes que lança sobre seus subalternos, incluindo aqui os espectadores que ela também tenta seduzir, utilizando-se de excelentes recursos dramáticos, a fim de conquistar apoio em seu julgamento.

A entrega do ator ao personagem e o resultado que consegue com Clitemnestra são dignos de reconhecimento além aplausos.

Durante o julgamento do crime de matricídio cometido por Orestes para vingar a morte do pai Agamêmnon brutalmente assassinado pela esposa traidora, Clitemnestra, o público é envolvido na cena e decide – por meio do voto - o destino de Orestes. A deusa Palas Atena surge como símbolo de Justiça e Sabedoria e toma frente do tribunal, instituindo assim a democracia. Mas, surpreendentemente, o resultado do julgamento é idêntico ao da obra original, não dependendo da contagem dos votos. E aqui está o pulo do gato! Nesta encenação a opinião popular é o que menos importa, já que a decisão está sempre nas mãos divinas dos poderosos.


Alguma semelhança com Brasil de ontem ou de hoje?


Com este brilhante espetáculo, o Folias nos leva a inúmeras e ricas leituras. Uma dessas possibilidades está na reflexão sobre o papel da tão cultuada democracia e de que forma ela violenta seus cidadãos. Violência moral, intelectual, material, física. De que forma contribui para a manutenção da desigualdade e da contradição num país que abriga taxistas engenheiros e prostitutas diplomadas?


Entre tantos questionamentos propostos, a peça nos presenteia também com momentos de pura beleza poética. A velha canção de Noel Rosa nos toma de assalto quando o simpático palhaço-narrador toca sua sanfona e, com lágrimas aos olhos, cantarola a letra de “Pierrô Apaixonado”. A troca de cenário ao som de “Fim”, do poeta português Mario de Sá-Carneiro, é igualmente tocante e forte.


Após três horas e meia diante de uma verdadeira obra de arte teatral, vem a escuridão. Com ela o silêncio e o instante do aplauso. E nós permanecemos ali. Atônitos.

Orestéia é a celebração da arte exercida em sua máxima potência. Teatro de discussão política e do aprendizado de como resistir no sonho “sem ceder à sedução de uma vantagem”.

Transformador. Imperdível!

Elenco: Atílio Beline Vaz, Bira Nogueira, Bruna Bressani, Carlos Francisco, Dagoberto Feliz, Danilo Grangheia, Flávio Tolezani, Gisele Valeri, Nani de Oliveira, Paloma Galasso, Patrícia Barros e Zeca Rodrigues

Orestéia – O Canto do Bode
** Em cartaz no Galpão do Folias **
R. Ana Cintra, 213 – Santa Cecília – ao lado da estação Sta. Cecília do metrô.
Tel. (11) 3361-2223

5as. e 6as. às 20hs – R$ 10,00 - promocional
Sáb. às 20h e dom. às 19h - R$ 30,00censura 14 anos, 70 lugares, 190 minutos (com intervalo de 10 min.)Até 04/11

Cena 1